Há muito se fala nas tecnologias emergentes como inteligência artificial, internet das coisas (IoT), computação em nuvem, big data e robótica. Mas qual o verdadeiro potencial delas, quais os usos práticos e até onde chegam os limites legais e éticos para seu desenvolvimento e utilização? Esses são alguns dos temas que devem ser abordados no Fórum de Educação em Engenharia, que acontecerá dentro do Engineering Education for the Future (EEF-2024), evento programado para acontecer entre os dias 16 e 18 de maio no Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) – campus DCTA, em São José dos Campos (SP).

O Fórum promoverá debates sobre os desafios presentes e futuros na inovação dos métodos de ensino e aprendizagem nesse campo fundamental. Em cada mesa redonda haverá uma reflexão sobre o futuro do ensino da engenharia em meio ao surgimento de tecnologias cada vez mais disruptivas.

Além disso, as mesas redondas abordarão as iniciativas de inovação e sustentabilidade no contexto da indústria 4.0, destacando seus impactos no ensino da engenharia e na formação dos profissionais para lidar com os desafios dos ecossistemas de inovação e sustentabilidade ambiental.

Nesta entrevista, o professor doutor Delmo Mattos, coordenador do Fórum, fala sobre os diversos temas que devem ser abordados e também como essas novas tecnologias podem contribuir para uma melhor competitividade levando em conta as novas demandas de um mundo em constante mudança.


Prof. Dr. Delmo Mattos

Qual é o principal objetivo do Fórum de Educação em Engenharia?
Delmo Mattos: A ideia é debater os desafios para a inovação nos processos de ensino e aprendizagem de engenharia, hoje e, principalmente, no futuro. Todos os temas estão focados nos desafios inerentes à excelência na formação do engenheiro do futuro, considerando a evolução do perfil que virá a ser a demanda por toda a sociedade.

Como as mesas redondas contribuem para o debate sobre os desafios e inovações no ensino de engenharia?
Delmo: O objetivo é estimular o debate e o raciocínio crítico acerca do tema proposto por cada mesa. Dessa forma, a plateia é instigada a defender pontos de vista e fazer perguntas aos especialistas. Mas, destaco que o maior objetivo é fazer o pensamento e a troca de ideias circularem de forma dinâmica em uma construção coletiva baseada no respeito e pluralismo de ideias.

Quais são os principais temas abordados durante as mesas redondas do Fórum?
Delmo: O Fórum possui cinco mesas redondas, cujas temáticas giram em torno de IA (inteligência artificial), formação do engenheiro para o mercado de trabalho em transformação, políticas públicas de incentivo à inovação, empregabilidade e, sobretudo, refletir sobre o ensino de engenharia para o futuro.

Por que é importante refletir sobre a aplicação de processos de aprendizagem e avaliação em sala de aula, especialmente considerando o futuro da engenharia?
Delmo: O mundo está em transformação sistemática. Temos mudanças nas formas de utilizar tecnologias e novos conceitos de trabalho e empregabilidade. Toda a sociedade está sentindo os efeitos dessa transformação. Então, acredito que os processos de ensino e aprendizagem, somados às novas metodologias, podem impactar na formação de novos engenheiros. Não há mais como defender um modelo de educação centrado no professor. Precisamos, nós docentes, ressignificar a educação para o futuro, pois “o futuro não é mais como era antigamente”, como diz Renato Russo, na música “Índios”.

Como as iniciativas de inovação e sustentabilidade na indústria 4.0 estão relacionadas ao ensino da engenharia e à formação dos futuros engenheiros?
Delmo: O ensino da engenharia na era da indústria 4.0 se concentra em tecnologias emergentes, como IA, IoT, robótica, computação em nuvem, impressão 3D e Big Data. Essas tecnologias são fundamentais para impulsionar a inovação nos processos industriais e para criar soluções mais sustentáveis. O ensino da engenharia na indústria 4.0 enfatiza a importância da economia circular, que busca maximizar o valor dos recursos ao longo de seu ciclo de vida, reduzindo o desperdício e promovendo a reutilização e a reciclagem. Além disso, os engenheiros são capacitados para desenvolver soluções que melhorem a eficiência energética dos processos industriais, reduzindo o consumo de energia e as emissões de carbono. Portanto, é evidente que o ensino da engenharia desempenha um papel crucial na promoção da inovação e da sustentabilidade dessa indústria, capacitando os profissionais com as habilidades e conhecimentos necessários para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades oferecidas por essa revolução industrial.

Quais são os principais impactos esperados dessas iniciativas na formação dos engenheiros em termos de enfrentar os desafios de ecossistemas de inovação e sustentabilidade ambiental?
Delmo: Eu penso que as iniciativas de integração de inovação e sustentabilidade ambiental na formação dos engenheiros têm uma série de impactos significativos em termos de prepará-los para enfrentar os desafios dos ecossistemas de inovação e sustentabilidade ambiental. Por exemplo, os engenheiros formados em programas que enfatizam a sustentabilidade ambiental tendem a desenvolver uma maior consciência ecológica e uma compreensão mais profunda das responsabilidades sociais associadas às suas práticas profissionais. Eles são treinados para considerar os impactos ambientais de suas decisões e projetos, adotando uma abordagem mais ética e responsável. Os programas de formação enfocados na sustentabilidade ambiental capacitam os engenheiros com conhecimentos e habilidades específicas em tecnologias verdes e limpas. Isso inclui o desenvolvimento e a implementação de fontes de energia renovável, sistemas de gestão de resíduos, práticas de conservação de recursos e tecnologias de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.

Como é estruturada a dinâmica das mesas redondas durante o Fórum?Delmo: Geralmente são estruturadas para promover discussões colaborativas e interativas sobre um determinado tema. Por exemplo, os participantes das mesas podem fazer apresentações iniciais breves para compartilhar suas perspectivas e insights sobre o tema. Essas apresentações podem ajudar a estabelecer uma base comum de conhecimento entre os participantes e a audiência. Em alguns momentos, a discussão pode ser aberta para um debate mais livre, onde os painelistas e a audiência podem compartilhar suas opiniões e experiências sem a mediação direta do moderador. Isso permite uma troca mais ampla de ideias e informações.

Qual é o papel do público durante as mesas redondas e como sua participação contribui para o ambiente de interação e debate?
Delmo: Será fundamental para criar um ambiente de interação e debate dinâmico e enriquecedor. O público traz uma variedade de experiências, conhecimentos e perspectivas para as mesas redondas. Suas perguntas, comentários e contribuições podem oferecer novos insights e pontos de vista que os participantes das mesas podem não ter considerado no decorrer do debate.

Quais são as expectativas em relação aos resultados gerados a partir das discussões e questionamentos levantados durante o Fórum de Educação em Engenharia?
Delmo: Esperamos que as discussões durante o Fórum identifiquem os principais desafios e oportunidades enfrentados pela educação em engenharia. Isso pode incluir questões relacionadas à qualidade do ensino, aos métodos de aprendizagem inovadores, alinhamento com as demandas do mercado de trabalho e avanços tecnológicos.

Como o Fórum busca acompanhar e antecipar as demandas da sociedade contemporânea em relação ao perfil do engenheiro do futuro?
Delmo: A ideia é que as discussões durante o Fórum identifiquem tendências e desafios emergentes no campo da engenharia, tanto em termos de avanços tecnológicos quanto de demandas da sociedade. O Fórum busca formular recomendações e diretrizes para aprimorar a educação em engenharia, incluindo currículos, metodologias de ensino, práticas de aprendizado, e outros aspectos. E, ainda, pode promover a inovação pedagógica ao discutir e compartilhar melhores práticas de ensino, tecnologias educacionais e abordagens eficazes para preparar os engenheiros do futuro.